Saturday, February 21, 2015

300g de queijo e 400 de honestidade, por favor... - Profissionais TI





 Apresentamos receita infalível para gerar profunda

insatisfação junto aos candidatos a uma vaga de emprego em TI

através do uso de uma ferramenta infelizmente muito comum: a

mentira.



Aconteceu em Belo Horizonte no começo deste ano.



– Ôpa, Álvaro, então é um caso real?



Sim, caso real. Naquele esquema que você já conhece. Pode não

ter sido exatamente em Belo Horizonte, e os nomes dos

personagens certamente serão trocados como forma de proteger

suas identidades.



– Ah, claro, um artigo que fala sobre mentira, né? Só podia ir

por esse caminho…



Não seja assim – ou, como diria um grande amigo meu: “achei

ofensivo”. Apenas os nomes são trocados, mas os fatos, em sua

essência, são a total expressão da verdade. Podemos?




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alt="Imagem via Shutterstock" width="720" height="380">


Imagem via
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Em sua sala da faculdade, Zezinho era conhecido por trabalhar

para uma grande empresa de TI de BH – digamos, forçando um

pouco a amizade, que era o escritório do Google no Brasil.



Certo dia, Zezinho avisa os colegas da faculdade que a empresa

onde trabalha está contratando. Uma única vaga, mas está

contratando. Ele envia e-mail para todos com detalhes,

inclusive data e local para a realização da entrevista.



Chovem interessados, é claro. Afinal, Zezinho já gozava de

certo prestígio entre os colegas só por trabalhar lá e, puxa

vida, quem não quer trabalhar em uma empresa cheia de dinheiro,

com a promessa da construção de uma carreira sólida,

bem remunerada e divertida
?



– E tudo isso é mentira, Álvaro?



Não. Zezinho realmente trabalhava no Google. Só que antes. No

momento em que avisou os colegas sobre a tal contratação, nosso

protagonista Pinóquio não mais trabalhava lá.



– E qual o crime, exatamente?



É que a empresa contratante não era exatamente o Google, mas,

sim, uma nada equivalente: a própria empresa do Zezinho, a

recém-formada gigante de TI que ele montou após ter saído do

Google (lê-se: ele programando sozinho em uma sala).



Veja as mancadas. Primeira: Zezinho falsamente falou em

nome da empresa
onde trabalhou – certamente sem

autorização, até porque o pronunciamento era uma inverdade.

Segunda: ele não trabalhava mais lá, embora tenha feito crer o

contrário em meio aos seus colegas de sala. Mais uma decepção

para o velho Gepetto, coitado.



Agora, as consequências: um monte de pessoas tiveram

suas esperanças alimentadas por uma falsa comunicação
.

Pior, elas se mobilizaram, de alguma maneira, para aproveitar a

grande “oportunidade” que, saberiam mais tarde, fora

ardilosamente plantada na cabeça delas.



Agora, pense comigo. Alguns dos colegas de sala de Zezinho já

se encontravam empregados. Mas, é claro, diante de uma

oportunidade dessas, a pessoa “dá um jeito” de conseguir fazer

a entrevista. E isso – especialmente em empresas

não

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amplitudianas
 – pode significar mentir

também: “estou com enxaqueca e preciso ir embora”, “minha mãe

passou mal e eu cheguei mais tarde porque precisei ajudá-la” e

por aí vai.



Com um dos candidatos ludibriados eu tive a oportunidade de

conversar e fiquei sinceramente sentido com o relato.



Obs.: Confesso que eu mesmo já fui feito de idiota algumas

vezes na vida e, pela graça de Deus, não me foi possível

contemplar meu próprio rosto nesses momentos. Mas arrisco dizer

que a minha expressão devia ser muito semelhante à que vi neste

candidato…



Se Zezinho conseguiu ou não uma contratação através desse

engodo, sinceramente, não sei, pois não tive acesso a

informações posteriores. Mas não importa, pois podemos fazer

uma rápida análise teórica de desastrosas

complicações
para Zezinho caso tenha obtido êxito em

sua estratégia falaciosa.



Imagine que, entre os candidatos, há alguém com o mesmo senso

de oportunismo de Zezinho. Ele vai à entrevista-golpe, faz

papel de bobo ao saber da verdade, mas, munido de um sentimento

de raiva e de algum desejo de vingança, aceita ir até o fim do

processo e… passa.



Pronto. O que temos? Uma contratação? Aos olhos de Zezinho,

sim, mas aos olhos do candidato, não. Temos a chance da

desforra, a chance de levar vantagem, roubar, enganar Zezinho

de volta. Temos o vírus agora muito bem

plantado
dentro do organismo e pronto para arruiná-lo.



– Não está exagerando um pouco, Álvaro?



Um pouquinho, sim, para ampliar o efeito dramático na reta

final do artigo, mas minha exposição não é de todo

inverossímil. Pense, se quiser, que o contratado não é tão

vingativo assim; mas isso não apaga o fato de ele ter sido

enganado. E

"Emprego Novo? Capriche na Primeira Impressão!" href=

"http://www.profissionaisti.com.br/2011/08/emprego-novo-capriche-na-primeira-impressao/">
essa foi a primeira impressão que ele teve

daquele que, agora, é o seu patrão.



Que tipo de respeito e admiração o candidato – agora

funcionário – conseguirá ter pelo seu chefe? Não era para

Zezinho funcionar como um líder, cujo comportamento deve servir

de exemplo?



Fica a reflexão sobre esse que é o grande e especial

valor da honestidade
: ela, ao contrário do queijo, não

pode ser adquirida. Ou está lá ou não está e, quando não está,

costuma deixar marcas indeléveis.



Por isso, sempre que você pretender realizar alguma atividade

– contratando ou sendo contratado – procure não se

render ao caminho aparentemente mais fácil da mentira.



No longo prazo – e às vezes, mesmo no médio e também no

curto – costuma não compensar.



Pense nisso.




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