Desenvolvedores devem ser tratados como voluntários - Profissionais TI
Hoje, deixaremos os assuntos técnicos de lado e discutiremos um
tema motivacional. O objetivo desse artigo é apresentar uma
perspectiva alternativa sobre o comprometimento dos
desenvolvedores e a motivação que os leva a desempenhar um bom
trabalho. Afinal, desenvolvedores desmotivados é um aspecto
comum nas empresas de desenvolvimento, não é? Por quê?
Todo desenvolvedor inicia
"http://www.profissionaisti.com.br/empregos/">um novo
emprego motivado. Caso contrário, ele nem teria se
candidatado à vaga. Porém, o que faz um desenvolvedor
desistir de uma empresa e procurar novas oportunidades? Para
buscar a explicação, em primeiro lugar, vamos
contextualizar o ambiente de trabalho…
"http://s.profissionaisti.com.br/wp-content/uploads/2015/04/carrot-and-stick-approach.jpg"
alt="carrot-and-stick-approach" width="180" height="139">Uma
característica relativamente comum nas empresas de
desenvolvimento de software é o prazo apertado, acompanhado da
pressão no trabalho, cobranças e horas extras. Isso, por si só,
já é desmotivador. Qualquer desenvolvedor que se submete a
longas jornadas de trabalho tende a se sentir desconfortável
com o trabalho e, consequentemente, com a empresa. Logo,
começam as buscas por novas oportunidades. A empresa, para não
perdê-lo, oferece benefícios ou promessas de promoção de cargo
caso conclua o trabalho com sucesso. Isso geralmente é
conhecido como “carrot and stick approach”, ou,
traduzindo, a “abordagem da cenoura pendurada na vara”,
conforme ilustra a imagem ao lado.
Essa imagem não traz nenhum aspecto positivo, não é? Se
isso ocorre na empresa, há um problema, e dos grandes. Não é
esse tipo de “incentivo” que levará o desenvolvedor a sempre
realizar um trabalho satisfatório, simplesmente pelo fato de
que não passa de um estímulo temporário.
A conversa aqui é outra. Falaremos, definitivamente, sobre
motivação, no sentido literal da palavra.
Em primeiro lugar, atente-se ao fato de que o desenvolvedor
comparece à empresa todos os dias e, na maioria das vezes, não
é meramente para
"Você não ganha o salário que merece, ou não faz por merecer?"
href=
"http://www.profissionaisti.com.br/2012/05/voce-nao-ganha-o-salario-que-merece-ou-nao-faz-por-merecer/">
ganhar o salário no final do mês. O objetivo é fazer a
diferença. Terminar a Sprint com todas as user
stories movidas para a coluna “Done”. Bater no
peito e garantir que o cliente ficará satisfeito com as
novas funcionalidades corrigidas ou implementadas no software.
Trata-se de uma questão de sentimento, e não de materialismo.
Na realidade, é o mesmo sentimento de um voluntário que ajuda
uma causa sem interesse próprio, mas, no caso dos
desenvolvedores, é um ambiente corporativo.
Prometer aumentos não é a iniciativa correta. Incentivá-los por
um tempo é fácil, mas mantê-los sempre incentivados é o grande
desafio. Para que isso aconteça, é preciso que o desenvolvedor
se sinta parte do objetivo principal
da empresa.
Opa, mencionei a palavra “voluntário”!
Faremos, então, uma reflexão. Como você trataria um voluntário?
Suponha que você esteja arrecadando fundos para ajudar uma
causa e alguém se oferece para ser voluntário, fazendo o
trabalho de divulgação da arrecadação nas mídias. Pois
bem, já que essa pessoa, de bom agrado, se dispôs a ajudar,
faríamos o possível para apoiá-la, não é? Forneceríamos
recursos, informações e a atenderíamos sempre quando
necessário. É assim que grupos de estudos são organizados,
partidas de futebol são combinadas e festas são planejadas. Até
mesmo aquele churrasquinho no final de semana depende de alguns
voluntários para passar no supermercado para comprar os
produtos. Todos esses exemplos demonstram pessoas que se
prontificam porque gostam, ou melhor, porque sabem que, quando
tudo estiver pronto, elas fizeram parte do processo.
Agora, tente encaixar esse conjunto de ideias em uma equipe de
desenvolvimento. Se os desenvolvedores se comportassem como
voluntários, dispostos e entusiasmados com os resultados,
nem a user story mais “desagradável” seria párea para
deixá-los desmotivados, afinal, o que importa é o
sentimento de ter cumprido uma missão.
Tratar os desenvolvedores como voluntários significa
empenhá-los para querer fazer o que eles têm para fazer,
evitando pensamentos como: “Aaaah, eu vou ter que fazer
isso? Pff… isso é chato pra caramba!”.
Na realidade, todos sabem que nunca haverá somente tarefas
simples para realizar, mas, se os membros de uma equipe
compreenderem que mesmo as tarefas enfadonhas são parte de um
grande objetivo em comum, eles encontrarão motivação para
realizá-las. Pode-se afirmar, então, que quando
um desenvolvedor está desmotivado, significa
que ele ainda não está se sentindo parte da solução.
Observe que tudo faz sentido. Desmotivação é a base da
indisposição. Quer uma prova disso? A longo prazo, o custo de
um desenvolvedor desmotivado será bem mais alto do que o custo
de uma funcionalidade não implementada na versão do software.
Esse é o segredo. A empresa deve remover todos os obstáculos
que causam desmotivação na equipe. Se uma funcionalidade é
muito difícil de ser implementada, quebre-a em partes menores e
compartilhe o trabalho com toda a equipe, de modo que não fique
cansativo para ninguém. No entanto, é importante que as
atividades também não fiquem “fáceis demais”, pois, assim
como o trabalho excessivo, monotonia também é
desmotivador. Desenvolver softwares é uma arte desafiadora que
se torna gratificante quando conseguimos realizá-la com
maestria. Isso produz uma sensação de conquista.
Além disso, é fundamental destacar a importância da entrega de
valor e melhoria contínua, ao invés de cobrar métricas
extensas, reuniões maçantes e cobranças diárias. Pressão causa
desmotivação. Apontar a culpa também causa desmotivação.
Ninguém mais consegue desempenhar um trabalho bem feito se não
tiver ofeeling de estar prestando um favor. Da mesma
forma que nos comportamos como voluntários, gostaríamos de ser
considerados como tais.
Importar-se com a vida pessoal de cada
desenvolvedor também é primordial, pois, às vezes, a
desmotivação pode ser externa. Portanto, se um
desenvolvedor chegar atrasado, procure compreender o motivo, e
não criticá-lo pela imprudência.
E, talvez, o mais importante: comemorar o sucesso,
por menor que seja. Desenvolvedores devem sentir orgulho
do próprio trabalho, principalmente quando os resultados são
altamente positivos. Chamá-los para um almoço ou um happy
hour são ideias já conhecidas, mas… quer saber mesmo?
Muitas vezes, desenvolvedores sentem falta de um simples
“parabéns” acompanhado de um aperto de mão. É o mínimo que
se espera, e infelizmente é o que menos acontece.
E então, vamos apoiar essa sugestão?
"http://www.profissionaisti.com.br/wp-includes/images/smilies/icon_smile.gif"
alt=":)" class="wp-smiley">
Na próxima semana, mais um pouco de
"http://www.profissionaisti.com.br/2014/04/desenvolvimento-de-software-a-pratica-do-clean-code/">Clean
Code! Abraço!
Publicado originalmente em
"http://www.andrecelestino.com/desenvolvedores-devem-ser-tratados-como-voluntarios/"
target="_blank">Blog André Celestino
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