Introdução
Mudanças constantes no mercado corporativo como novas regulamentações, aquisições, expansões globais, alta competividade e novos comportamentos das novas gerações, deixam a maioria das organizações no estado de alerta. A falta de alinhamento entre as necessidades de negócio e a área de TI reduz a competitividade das organizações e consequentemente, afeta diretamente a capacidade da organização de tomar decisões rápidas e precisas, causando a execução lenta das determinadas ações estratégicas.
“Em uma época de mudanças drásticas são os que têm a capacidade de aprender que herdam o futuro. Quanto aos que creem que já aprenderam, estes se descobrem equipados para viver em um mundo que não existe mais” (Eric Hoffer)
Os analistas do mercado mostram claramente, que a maior parte dos recursos financeiros e humanos 85% segundo Gartner, são dedicados em manutenção. Isto resulta que as maiorias dos departamentos de TI têm uma baixa agilidade na adoção de mudanças. Mesmo com novos frameworks, tecnologias e processos, a área de TI não consegue reverter esta situação e entregar capacidades com agilidade e qualidade dentro das necessidades do mercado.
Pesquisas mostram que os próprios CIOs afirmam que os departamentos de TI estão entre os menos ágeis dentro das organizações para dar resposta rápida em cenários de mudanças. Este fato é baseado em um estudo da Unidade de Inteligência de uma revista britânica, encomendado pela fabricante de tecnologia de armazenamento EMC. O estudo é chamado de “Agilidade Organizacional: Como os negócios podem sobreviver e continuar saudáveis em tempos turbulentos”, o relatório aponta que a agilidade de se adaptar é crucial para as organizações continuarem crescendo mesmo com a alta competividade. O que surpreendeu no estudo é o grau da visão crítica sobre a falta de agilidade dos departamentos de TI. Uma das discussões constantes é a questão da responsabilidade. Ironicamente, a origem do problema resulta na imagem produzida da própria TI, que os departamentos de TI e toda a indústria de TI sofreram por décadas. A arrogância da tecnologia que se esconde por trás e se manifesta na complexidade dos termos, padrões de tecnologia, que, por falta de simplicidade e usabilidade atendendo às necessidades, realmente deixam as áreas de negócio muito distantes e dependentes. Outro aspecto é a falta de um “intérprete” nas interações entre as duas áreas.
Área de TI: “Você sabe o que é um processador? Como usar OLAP e as ferramentas de ETL”?
“As áreas de negócio não parecem saber nada sobre a área de TI e eles não sabem como definir requerimentos da forma correta.”
Mas eles precisam saber disto? Não são os especialistas, que traduzem os requerimentos da área de negócio em capacidades, serviços, de tecnologia que sustentam a visão estratégica da organização? Este é o momento onde podemos começar a falar do papel do Arquiteto Corporativo que é um estrategista na organização, sendo responsável pela tradução entre os objetivos de negócio e a tecnologia que suportará as necessidades de negócio da organização.
Se você é um arquiteto corporativo na sua organização você incorpora este papel de “intérprete”? Caso contrário não seria um bom momento de desempenhar o papel de “intérprete” e, em seguida entregar os serviços que podem ajudar a organização ser mais competitiva e eficiente?
Por falta de agilidade, qualidade, alta complexidade e alinhamento, as organizações sofrem as consequências na distribuição dos gastos de TI. O foco dos gastos de TI na maioria das organizações é resolver problemas atuais no ambiente de TI ou entregar uma nova capacidade por falta de planejamento estratégico.
As consequências destes fatos são que as maiorias das organizações não consideram a área de TI um valor estratégico.
Uma metáfora muito utilizada neste contexto é de um barco que tem vários buracos e o comandante manda tampar, isto são gastos operacionais. Gastos operacionais na maioria das empresas a maior parte dos gastos, são consequências de falta de arquitetura e planejamento.
Instalando um novo sistema de comunicação no barco, para ter acesso a novas passagens mais lucrativas seria considerado um gasto de inovação. Este novo sistema cria para a organização uma vantagem competitiva dentro da janela de competição.
O objetivo principal dos gastos em inovação na área de TI é criar capacidades que ajudam a área de negócio a criar vantagens competitivas à essência de ser diferente. Uma das características de TI estratégica é providenciar serviços com agilidade para atender às necessidades atuais e futuras da área de negócio, aproveitando a janela de vantagem competitiva com um ponto em favor da estratégia e visão da organização.
Então, será que você deveria se preocupar com esses desafios da área de TI?
Depende de como se sente sobre influenciar o resultado da sua organização. Se a redução de complexidade aumentar a agilidade, gerar valor para o negócio for suas principais prioridades, você deve se preocupar com as metodologias de arquitetura corporativa. Se estiver preocupado com a visão ou com a credibilidade do setor de TI de sua organização, ou se luta para promover o uso da TI para manter uma posição competitiva, você deve também continuar a ler este artigo. Se estas questões não fazem parte de suas preocupações, este artigo tem pouco a oferecer.
Posicionamento da Arquitetura Corporativa
Basicamente, o campo da arquitetura corporativa teve início em 1987, com a publicação no IBM Systems Journal de um artigo cujo título era “A Framework for Information Systems Architecture” (Um framework para a arquitetura dos sistemas de informação), escrito por J.A. Zachman. Nesse artigo, Zachman apresentou o desafio e a visão das arquiteturas corporativas que serviriam de orientação para esse campo nos próximos 20 anos. Gerenciar a complexidade dos sistemas cada vez mais distribuídos era o desafio.
Existem várias definições da Arquitetura Corporativa, frameworks e livros sobre este assunto, mas iremos considerar a definição da IFEAD como uma definição consistente neste artigo. Vejam abaixo a definição da Arquitetura Corporativa da IFEAD:
Arquitetura Corporativa é uma definição integral do ambiente corporativo, um plano-mestre que “age como uma força de colaboração” entre os aspectos de planejamento de negócio, tais como metas, visões, estratégias e princípios de governança, os aspectos das operações de negócio, tais como termos de negócios, estruturas organizacionais, processos e dados, aspectos da automação, como sistemas de informação e bases de dados e as infraestruturas tecnológicas, tais como computadores, sistemas operacionais e redes.
A definição “Arquitetura Corporativa“, neste contexto, podemos considerar a compreensão de todos os elementos diferentes que irão compor o ambiente corporativo e como esses elementos se inter-relacionam.A definição “Arquitetura“, neste contexto, podemos considerar a estrutura de componentes, o inter-relacionamento entre eles, e os princípios e guias governando a construção e evolução durante o tempo.A definição “Ambiente Corporativo“, neste contexto, podemos considerar qualquer conjunto de organizações que tem um conjunto comum de objetivos/princípios e/ou linha única de definições. Nesse sentido, uma organização pode ser uma corporação inteira, uma divisão de uma empresa, uma organização governamental, um único departamento, ou uma rede de organizações geograficamente distantes unidos por objetivos comuns.A definição “Elementos“, que são todos os elementos que envolvem as áreas de Pessoas, Processos, Negócios e Tecnologia. Nesse sentido, os exemplos de elementos são: estratégias, prioridades de negócio, os princípios, as partes interessadas, as unidades locais, orçamentos, domínios, funções, atividades, processos, serviços, produtos, informações, comunicações, aplicações, sistemas, infraestrutura.Podemos considerar que Arquitetura Corporativa é uma base de informações estratégicas que define a missão e as informações necessárias para executar esta missão, a tecnologia necessária para executar esta missão e os processos de transição para executar a implementação das novas tecnologias necessária para sustentar a missão. (Estratégia de Negócio e Tecnologia).
Com tudo isto em mente você poderia se perguntar como é o posicionamento do Arquiteto Corporativo em relação aos outros domínios de arquitetos.
Analisando esta perspectiva de domínios de arquitetura é importante posicionar as atividades do Arquiteto Corporativo em relação aos Arquitetos de Soluções. Neste contexto podemos considerar:
O Arquiteto Corporativo comunica, guia e questiona decisões corporativas em aspectos relacionados em investimentos de TI e negócio, garantindo a integridade da arquitetura corporativa em alinhamento com a área de negócio.O Arquiteto de Solução relaciona os requisitos da solução com as estruturas externas, incluindo aspectos de infraestrutura, sistemas (Legados), informações e definição funcional (negócio). Assim a efetividade e funcionalidade da arquitetura da solução (conceito) podem ser aprovadas e comunicados.O Arquiteto de Software/Infraestrutura relaciona os requisitos da solução com as estruturas externas, incluindo aspectos de infraestrutura, sistemas (Legados), informações e definição funcional (Negócio). Assim a efetividade e funcionalidade da arquitetura da solução (Conceito) podem ser aprovadas e comunicados.Em termos simples, uma arquitetura corporativa identifica os principais componentes de uma organização (como os sistemas de informação), e as maneiras como eles trabalham em conjunto com a finalidade de alcançar os objetivos estabelecidos pela estratégia de negócio. Os componentes podem ser recursos humanos, processos de negócio, tecnologias, informações, etc.
Considerações Finais
Como você iria responder à pergunta: “O que a área de TI proporciona aos seus negócios?” Sua resposta irá indicar como você pensa sobre a relação entre negócios e tecnologia e, por sua vez, como ela afetará a agilidade nos negócios.
Conhecer as diferenças entre Windows, Unix e o Linux não é a preocupação deles! Esses assuntos são exemplos de preocupações da área de TI! Pense nos carros de hoje. Meu carro é uma máquina complicada, mas você não vê os engenheiros mencionando cada hora que eu não sei o que um motor IVTEC. A interface do piloto é muito intuitiva: a chave na ignição, o pedal do acelerador, as marchas e ir embora. O aparelho de som, o sistema de aquecimento, o painel de instrumentos, tudo muito simples. Simplesmente feito para usar e nada mais! Para muitas pessoas de TI, a complexidade e o uso de palavres complicadas sem se dedicar ao usuário, é um das razões que ainda fazem com que a área de TI seja vista como um centro de custo e não deve ser levada muito a sério.
O ponto de partida para uma arquitetura corporativa é a consciência do real papel de TI. A sua organização gasta muito dinheiro construindo sistemas de TI que trazem valor inadequado para o negócio? A TI é vista como algo que aprimora ou dificulta a agilidade do negócio? Existe uma separação crescente entre as áreas comercial e técnica da organização?
A necessidade de alinhar os requerimentos de negócio com a área de TI é um necessidade real, que só pode ser concluindo com sucesso com uma arquitetura corporativa com planejamento de curto e longo prazo. Isto é uma tarefa simples?
E, por fim, talvez a pergunta mais importante de todas: a sua organização está verdadeiramente comprometida em resolver esses problemas e esse compromisso tem origem nos níveis mais elevados da organização? Se a resposta a todas essas perguntas for “sim”, então a arquitetura corporativa é o seu caminho. Cabe a você dar o próximo passo.