Software livre na educação
Os alunos estão mais exigentes e os professores precisam se adequar a essa nova realidade. Como ferramenta para auxiliar o professor o computador vem sendo introduzido na educação, mas devido ao custo alto dos softwares proprietários, algumas escolas não tem conseguido atingir esse objetivo. Como alternativa ao custo alto do software proprietário esse trabalho apresenta softwares livres educacionais que facilitam a inclusão do computador no meio educacional.
Chamar a atenção de alunos que tem acesso o tempo todo a diversos tipos de informação não é fácil. O modelo educacional onde o professor fala e o aluno ouve e aceita não funciona mais. Hoje, o papel do professor é o de aproveitar o conhecimento já adquirido pelo aluno e mostrar-lhe o caminho para aprimorar e aumentar seu conhecimento.
O computador tornou-se indispensável no meio educacional e desde que utilizado de forma planejada, tem se apresentado a favor de uma educação mais dinâmica, trazendo de volta o interesse do aluno em aprender. O uso de tecnologias possibilita ao professor uma diversidade maior de atividades fazendo com que o aluno desenvolva melhor algumas habilidades como autonomia, resolução de problemas de forma mais próxima da sua realidade, organização de suas informações, habilidade investigativa, entre outras dependendo da faixa etária de cada aluno. Um dos inviabilizadores da implementação do computador nas escolas é a falta de recursos financeiros. Os softwares proprietários encarecem e muito o preço final do computador devido à cobrança de licenças para sua utilização. Na contra mão do problema tem-se os softwares livres que são de acesso gratuito.
O uso do software livre, hoje em dia oferecidos com grande diversidade em língua portuguesa, dispensa gasto com licenças proprietárias e assim, como salienta Silveira (2003 p.41), ao invés de sermos eternos pagadores de royalties, “tais recursos poderiam ser canalizados para outros fins, como a compra de hardware ou empregados na formação, treinamento e educação digital”, pois tão importante quanto garantir o acesso as TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação) é capacitar as pessoas, em especial, as comunidades mais desfavorecidas para a utilização da tecnologia em favor do exercício da cidadania.
O processo ensino-aprendizagem se dá na interação entre professor e aluno, aluno e aluno e de ambos com o mundo e seus acontecimentos provocando mudanças no indivíduo, podendo ser permanentes ou não. Aprender é o processo de adquirir conhecimento, valores, habilidades e essencialmente do desenvolvimento da capacidade de pensar. Devemos nos preocupar com um sistema educativo muito padronizado, pois este pode produzir sujeitos muito acomodados, desvalorizando a autonomia da criatividade.
Com a mudança do paradigma educacional, aprender tem o significado de ir além da instrução direta podendo acontecer em ambientes virtuais criativos e mais chamativos para o indivíduo. O uso de novas tecnologias como o computador, tem facilitado a vida de professores que já aceitaram essa nova realidade, proporcionando interação e um ensino mais eficaz para a realidade atual.
Os primeiros experimentos do uso do computador na educação começaram na década de 50 logo depois do início de sua comercialização. Pouco tempo depois, Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) criou a Máquina de Ensinar. Em 1970 Seymour Papert desenvolveu a Linguagem de Programação Logo. Esses dois experimentos propiciavam ao aluno deixar de lado a preocupação no certo e errado, dando mais importância ao processo como as coisas acontecem e com a solução para os problemas apresentados, deixando o sinônimo de erro como punição, intimidação e frustração de lado, fazendo com que cada aluno aprendesse no seu ritmo sem desestimular aqueles com um pouco mais de dificuldade.
Muitos foram os experimentos e desde os primeiros os professores foram temerosos em relação a adotar essa nova ferramenta que deixa de lado a imagem do professor como detentor do saber e desterritorializa a instituição escolar. As novas tecnologias são importantes, pois ampliam o conceito de aula, espaço e tempo e de comunicação audiovisual, estabelecendo novas referências em relação ao presencial e o virtual, tomando o devido cuidado para que o computador não seja considerado apenas mais um aparato de alto custo não proporcionando uma aprendizagem significativa para o aluno. Cabe lembrar que o computador não é a solução para os diversos problemas da educação e sim, um facilitador, um motivador ao aprendizado, uma ferramenta que veio para somar, através de uma linguagem com a qual os estudantes estão familiarizados.
Com o passar dos anos, a visão dos professores em relação ao uso do computador na educação mudou, os professores estão mais abertos a essa nova situação e os alunos estão mais colaborativos. O uso do computador na escola deve vir acompanhado da reflexão a respeito da necessidade de mudança na forma de geração da aprendizagem.
Experiências realizadas em países onde as escolas já oferecem aos seus estudantes a tecnologia como facilitadora do ensino indica que o computador graças à internet, tem uma grande capacidade de formar redes, efeito imprescindível também fora do ambiente escolar. Tudo isso incentiva o aluno a desenvolver rapidez de raciocínio, ser humano multitarefa, tomada de decisão de forma mais eficiente, abrir novas dimensões intelectuais e, principalmente desenvolver o trabalho em equipe tão exigido atualmente fora do ambiente escolar.
Nada como ensinar geografia de forma que o aluno possa “sobrevoar” diversos relevos e vegetações do planeta e executar experiências com substâncias tóxicas sem o perigo de explodir o laboratório. Tudo isso o computador propicia a alunos e professores através dos softwares educacionais.
Podem ser considerados softwares educacionais aqueles que foram projetados com base em uma metodologia que os contextualiza no processo de ensino-aprendizagem. O primeiro indício do uso de um software educativo foi em uma máquina para corrigir testes de múltipla escolha criada por Dr. Sidney Pressey em 1924. Nessa máquina, o módulo era apresentado o conteúdo e no final, o aluno deveria responder uma questão em um espaço em branco ou escolher uma resposta correta entre diversas alternativas apresentadas. Se a resposta estivesse correta o aluno passaria para o próximo módulo, caso contrário, o programa forneceria a resposta correta ou o aluno poderia ser convidado a rever o módulo com o objetivo de remediar o processo de ensino. Empresas no início dos anos 60 investiram muito na produção de softwares educacionais com a ideia de revolucionar a educação. O problema é que os computadores nessa época ainda eram muito caros para que as escolas os adquirissem. A disseminação do software educacional somente aconteceu com a chegada dos microcomputadores.
O software educacional somente poderá contribuir como facilitador do processo de ensino-aprendizagem, se alguns fatores forem obedecidos a rigor como metodologia empregada no software, qualidade, se atendem as necessidades e a faixa etária indicativa. Os testes também são muito importantes, pois não devemos simplesmente escolher um software de qualquer tipo que seja somente pela embalagem. O professor deve também se preocupar com o contexto onde este software será utilizado.
O software educacional pode apresentar várias vantagens como aumentar a interação do aluno com o conteúdo apresentado, permitir a individualização na aprendizagem do aluno, estimular e promove a autoestima no aluno, apresentar lições de modo criativo, atrativo e integrado, proporcionar retroalimentação, controle e avaliação imediatos da aprendizagem.
Como principal e mais problemática desvantagem encontramos o custo para aquisição do software proprietário, que são produtos criados por desenvolvedores ou empresas que detêm os direitos sobre o produto onde a cópia, modificação ou redistribuição são de alguma forma proibida pelo seu desenvolvedor ou distribuidor. Para que os itens citados sejam permitidos, faz-se necessário a aquisição de uma licença de alto custo, principal inviabilizador do uso do software educacional. Todos estes custos com o software proprietário acabam inviabilizando o uso do software educacional. Uma alternativa aos softwares proprietários seriam os softwares livres que tem como principal vantagem o custo quase zero.
O Software Livre é todo aquele que oferece ao seu usuário a liberdade de utilizá-lo para seu proveito, executando os programas para quaisquer propósitos, copiando, distribuindo, estudando seu funcionamento, modificando, aperfeiçoando e customizando seu código fonte, sem precisar pedir autorização para outrem, de modo que toda a sociedade se beneficie (LAMAS, 2004).
A maior vantagem do uso do software livre na educação é que se faz desnecessário investir em licenças para sua aquisição, futuras atualizações e customizações. Com o investimento que se faz para montar um laboratório de informática com equipamentos utilizando software proprietário é possível montar dois laboratórios de informática. Na educação, o dinheiro economizado com a não atualização forçada do hardware pode ser aplicado de outra forma como, por exemplo, na capacitação dos professores. Máquinas que seriam consideradas obsoletas para se utilizar software proprietário são usadas por usuários de software livre, pois este tipo de software pode ser customizado para um hardware considerado ultrapassado.
Para Silveira e Cassino (2003), o Software Livre representa uma opção pela criação, pela colaboração e pela independência tecnológica e cultural, uma vez que é baseado no princípio do compartilhamento do conhecimento e na solidariedade praticada pela inteligência coletiva conectada na rede mundial de computadores.
Como exemplos de softwares livres educacionais podemos citar o Edubuntu, distribuição Linux desenvolvida pela Canonical Ltda. baseada no sistema operacional Ubuntu especificamente para ambientes escolares, o Gcompris, coletânea com 80 atividades muito atraente para as crianças, o KBruch que apresenta as operações matemáticas de forma bem colorida, o TkGeomap que mostra dados geográficos. A lista é muito variada e com certeza dificilmente deixará o professor na mão. A educação deve favorecer a ética e a formação da cidadania. Independentemente de escola pública ou privada. A educação não é mercadoria e não deve ser tratada como tal.
Referências
LAMAS, M. Software livre ao seu alcance. Rio de Janeiro: Beto Brito, 2004.
SILVEIRA, S. A.; CASSINO (Org.). Software Livre e Inclusão Digital. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2003.
SILVEIRA, S. A.; CASSINO (Org.). Software Livre e Inclusão Digital. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2003.
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