Sou formado, mas não sei nada!
O texto abaixo retrata a realidade de boa parte das pessoas que se formam na área de tecnologia em geral. Foi escrito por Edgard Davidson em 2009, mas é impressionante como ainda hoje o que está descrito abaixo se faz presente. Se pudesse assinar um texto como se fosse meu, seria este. Vale muito a pena ler e refletir.
“Esse post é dedicado às pessoas que se formaram ou estão se formando em cursos de graduação na área da computação como: Ciência da Computação, Sistemas de Informação, Analise e Desenvolvimento de Sistemas e afins. Vale ressaltar que as opiniões apresentadas abaixo são exclusivamente minhas. Então leia, pense, reflita e forme suas próprias opiniões sobre o assunto.
Se você formou ou está para formar e tem a impressão que não sabe nada, não se sinta tão mal, você não é o único. Mas porque isso ocorre? Vou dar minha opinião. Como sou discente e docente me sinto capacitado para opinar sobre os dois pontos de vista.
Se você tem a impressão de não saber nada, a tendência natural é de logo tentar achar um culpado. Será que é culpa do curso? Será que é culpa da instituição de ensino? Será que é culpa dos professores? Será que é culpa do aluno? Ou será que a culpa é da tia da cantina?
Este tema chega até ser engraçado. Lembro-me claramente quando formei (que não faz muito tempo). Nessa ocasião eu fiz a seguinte pergunta pra mim mesmo:
Pergunta pra mim mesmo: “Blz, fiquei aqui nesse curso por quatro anos e o que de fato eu sei?”Resposta para mim mesmo: “puts, pqp não sei porra nenhuma…”É amigo… e o pior que esse não é um sentimento só meu. Meus amigos que formaram comigo também me confessaram o mesmo sentimento, amigos que formaram depois idem, colegas de trabalho idem, meus alunos idem.
O interessante é que não importa qual foi o curso nem qual foi a instituição de ensino que o cara estudou. Todos têm o mesmo sentimento.
Mas então? Por que isso acontece? Na realidade, na visão que tenho é que academia e mercado não andam alinhados. No mercado a vida não é tão bela quanto na academia e na academia não se vê o que o mercado necessita.
Então o curso é responsável. Na graduação você vê um monte de matéria que basicamente então inseridas em um monte de disciplinas isoladamente, que dificilmente irá passar uma visão integrada de tudo. Existe um monte de disciplinas retardadas no meio. Na minha graduação, por exemplo, quase metade das disciplinas poderiam ser jogadas fora. Existem cursos que as disciplinas não são bem sequenciadas, a ementa não é bem elaborada, as referências bibliográficas são ruins e por aí vai.Então a instituição de ensino é responsável. Pelos profissionais que contrata. Pela política que adota. Pela estrutura deficitária.Então os professores são responsáveis. Quem já não teve um professor morcegão? Quem já não teve um professor que não dominava o conteúdo? Quem já não teve um professor que não tinha didática para ensinar? Quem já não teve um professor que não cumpria o plano de ensino? Quem já não teve um professor mala sem alça?Então o alunos são responsáveis. Quando mata aula. Quando copia trabalhos. Quando não é curioso para saber mais do que é visto em sala. Quando fica com o Notebook ligado no MSN no meio da aula. Quando em vez de fazer para aprender fica reclamando de tudo. Quando é displicente. Quando acha que nada é importante.E a tia da cantina? Coitada, essa não tem culpa de nada…Mas isso não quer dizer que tudo é uma enganação. Existem cursos, instituições, professores e alunos excelentes. Eu em especial tenho que agradecer o pouco que sei a grandes professores que tive pelo caminho. Principalmente aqueles que tinham a fama de carrascos, tiranos, que não davam mole para aluno, que quase todo mundo era reprovado. Esses são os caras que eu mais agradeço hoje, na época eu tinha vontade de matá-los, mas hoje se sei alguma coisa, devo muito a pressão que sofri desses professores e hoje agradeço por isso.
Também tem que parar para pensar sobre uma coisa. Tudo bem, se eu tenho a impressão que não sei nada, então o que eu deveria saber para me sentir mais confiante? Então lá vai: Java, C++, Flex, .net, PHP, Ruby on Rails, Delphi, HTML,CSS, JavaScript,ASP, Ajax, SQL, Oracle, MS-SQL Server, MySQL, CMMI, MPS-BR, RUP, XP, Scrum, PMI, Bpel, BPM, UML, POO, teste, Frameworks, Padrões de Projetos, Análise de Sistemas, Arquitetura de Sistemas, PO e por aí vai, com certeza esqueci um monte de coisa, como coisas que nem eu mesmo sei que eu deveria saber. É muita coisa. E o pior não é isso. O pior é quando você está dominando uma tecnologia, logo vem outra melhor para substituí-la e você já tem que aprender tudo de novo.
Se você tem a impressão de não saber nada não quer necessariamente que você não sabe nada. Isso quer dizer que você tem muito o que aprender, mas pelo menos sabe que tem que aprender. Isso é um indício que você não é um acomodado. E os acomodados irão queimar no mármore do inferno.
Não obstante, as pessoas têm o costume de achar que as coisas que elas sabem são fáceis, mas elas esquecem o quanto foi difícil aprender, ou seja, depois que você sabe, tudo se torna fácil!
Agora um ponto é verdade. Na graduação você aprenderá a programar, e, programar é uma coisa, desenvolver aplicações é outra totalmente diferente. Quando o sujeito sai da escola sabendo programar e descobre que no mercado ele terá que desenvolver aplicações, então volta novamente a impressão de não saber nada. Conclusão, quem irá sobreviver? Irá sobreviver apenas aqueles que têm uma boa base teórica e é curioso por natureza. Caso contrário, será sempre um medíocre com ou sem escola.”
Fonte: Blog Techlivre
Universitário, cursando Sistemas de Informação na PUC-Minas. Atualmente trabalho como Instrutor de Formação Profissional no SENAI, área de Tecnologia da Informação. Também sou blogueiro e escrevo em: www.techlivre.com.br - italodiego12@gmail.com
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